ATA DA SÉTIMA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 27.04.1995.

 


Aos vinte e sete dias do mês de abril do ano de mil novecentos e noventa e cinco reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezessete horas e vinte minutos, constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Jornalista Jayme Copstein, de acordo com o Requerimento nº 137/94 (Processo nº 2325/94) de autoria do Vereador Pedro Ruas. Compuseram a Mesa: o Vereador Edi Morelli, 2º Vice-Presidente em Exercício da Casa, o Vice-Prefeito Municipal, Senhor Raul Pont, o Desembargador Tupinambá Nascimento, representando o Tribunal de Justiça do Estado, o Desembargador Luiz Melíbio Machado, Presidente do Tribunal Regional Eleitoral, o Jornalista  Jayme Copstein, homenageado, e a Senhora Maria Copstein. A seguir, com todos em pé, foi executado o Hino Nacional e, logo após, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Senhores Vereadores para falaram sobre a presente homenagem. O Vereador Pedro Ruas, como proponente e em nome das Bancadas do PDT e do PP, discorreu sobre as qualidades do homenageado como jornalista, ressaltando os serviços prestados por Sua Senhoria à cidadania dos portoalegrenses e dos gaúchos em geral. O Vereador Luiz Braz, em nome da Bancada do PTB, elogiou o trabalho do Senhor Jayme Copstein como jornalista, dizendo que Sua Senhoria revolucionou o radialismo na madrugada de nossa Cidade. O Vereador Fernando Záchia; em nome da Bancada do PMDB saudou o homenageado por sua atuação em prol da justiça social em seu programa pela Rádio Gaúcha nas madrugadas, trazendo dados sobre a trajetória jornalística do Senhor Jayme Copstein. O Vereador Lauro Hagemann, em nome da Bancada do PPS, saudou o homenageado e destacou os serviços prestados por Sua Senhoria ao radialismo e à sociedade gaúcha, lembrando sua atuação junto à Associação Riograndense de Imprensa. O Vereador João Dib, em nome da Bancada do PPR, destacou a grande insersão social do jornalista Jayme Copstein na sociedade riograndense, especialmente de Porto Alegre, discorrendo sobre o meio familiar de Sua Senhoria e sobre o brilhantismo do seu programa na Rádio Gaúcha. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome da Bancada do PFL, elogiou o trabalho do Senhor Jayme Copstein como radialista, destacando sua relevância como formador de opiniões isento e altamente profissional. O Vereador Giovani Gregol, em nome da Bancada do PT, destacou as qualidades profissionais do Senhor Jayme Copstein como jornalista, discorrendo sobre a grande audiência de seu programa na Rádio Gaúcha durante a madrugada. A seguir, o Vice-Prefeito em Exercício, Senhor Raul Pont, entregou um Brasão de Porto Alegre ao homenageado, sendo também entregue, com todos em pé, pelo Vereador Pedro Ruas, o Diploma alusivo ao Título ora outorgado. Logo após o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Jornalista Jayme Copstein que, discorrendo sobre sua trajetória de comunicador social, agradeceu a presente homenagem. Na ocasião, o Senhor Presidente manifestou-se sobre a presente homenagem e registrou as presenças dos Senhores Antonio Firmo de Oliveira Gonzales, Presidente da Associação Riograndense de Imprensa, José Vieira da Cunha, Presidente da Televisão Educativa, Marco Aurélio Pereira, representando o Chefe da Casa Civil, Marta Azevedo, que representou o Reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Araújo Trindade e Alberto André, ex-Vereador da Casa, além de demais representantes de autarquias estaduais e municipais e representantes de Poderes Executivos e Legislativos de Municípios do interior. Às dezoito horas e cinqüenta minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente agradeceu a presença de todos e declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Edi Morelli e secretariados pelos Vereadores Pedro Ruas e Lauro Hagemann, como Secretários "ad hoc". Do que eu, Pedro Ruas, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 


(Obs.: A Ata digitada nos Anais é cópia fiel do documento original.)

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Edi Morelli): Damos início à Sessão Solene que se destina à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Jornalista Jayme Copstein, de acordo com o Requerimento nº 137/94, de autoria do Ver. Pedro Ruas.

Compõem a Mesa: o Exmo. Sr. Vice-Prefeito de Porto Alegre, Sr. Raul Pont; o Exmo. Desembargador Tupinambá Nascimento, representante do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul; o Exmo. Sr. Presidente do Tribunal Regional Eleitoral, Desembargador Luiz Melíbio Uiraçaba Machado; o homenageado, Jornalista Jayme Copestein; e Sra. Maria Copstein.

Convido todos os presentes para que, em pé, cantemos o Hino Nacional.

 

(Executa-se o Hino Nacional.)

 

Registramos também a presença do Sr. Antonio Firmo de Oliveira Gonzales, Presidente da ARI; do Sr. José Vieira da Cunha, Presidente da TVE; do Sr. Marco Aurélio Pereira, representante do Chefe da Casa Civil; da Sra. Marta Azevedo, representando o Reitor da UFRGS; do Sr. Araújo Trindade; do ex-Vereador Alberto André; dos Vereadores Nereu D'Ávila, Luiz Fernando Záchia, Pedro Ruas, Isaac Ainhorn, Lauro Hagemann, João Dib, Reginaldo Pujol, Luiz Braz e Giovani Gregol; das demais autoridades, presidentes e representantes de Autarquias e Secretarias Municipais e Estaduais, representantes de Legislativos Municipais do interior do Estado.

Senhoras e Senhores, para nós, especialmente para mim, é uma felicidade dupla, porque o homenageado é um amigo particular e tenho a honra de estar na qualidade de Presidente da Casa.

Está com a palavra o Vereador proponente, Ver. Pedro Ruas, que fala em nome da sua Bancada, o PDT, e em nome da Bancada do PP.

 

O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os demais componentes da Mesa.) Não há como deixar de fazer referência expressa da representação ampla do local de trabalho do jornalista homenageado nas figuras de Armindo Antonio Ranzolin, Ana Amélia Lemos, Sampaulo e tantos outros colegas.

Exmo. Sr. Doutor Jesus Mattos, Presidente da Associação Gaúcha dos Advogados Trabalhistas, jornalistas, radialistas, familiares, Jayme Copstein, Senhoras e Senhores, a afirmação conceitual "o acesso à informação pública é um direito inerente à condição de vida em sociedade, que não pode ser impedido por nenhum tipo de interesse" encontra-se no art. 1º do Código de Ética do Jornalista, aprovado em setembro de 1985, durante um Congresso Nacional de Jornalistas Profissionais. Entendo que o livre acesso à informação é um ideal a ser atingido e que alguns jornalistas podem ser identificados como ícones na busca do cumprimento dos mais nobres objetivos do jornalismo: levar a informação correta ao maior número possível de pessoas.

Quando tive a idéia, há muito tempo, da concessão do Título de Cidadão de Porto Alegre a Jayme Copstein, imaginei mais do que homenagear um homem e cidadão da Capital gaúcha. A minha idéia era prestar um reconhecimento ao jornalismo como um todo, aos inúmeros homens e mulheres que, no rádio, no jornal e na televisão, têm a sagrada missão de informar, debater, formar opiniões e despertar consciências. Com justo prestígio, honra inatacável e ética em todos os momentos de sua vida, Jayme Copstein é, sem dúvida, a figura oportuna e ideal para satisfazer tal pretensão. Quem mais do que Jayme exerce todas as prerrogativas do jornalismo, informando, opinando e debatendo todas as questões importantes do cotidiano da Cidade, do Estado e do País? É certo que devem existir outros profissionais tão eméritos quanto ele, mas nenhum, tenho certeza, tem mais méritos do que ele. Portanto, Senhoras e Senhores, que serviço notável tem prestado Jayme Copstein à coletividade porto-alegrense, gaúcha e brasileira! Tão eficiente e eficaz que, ao completar dez anos na Rádio Gaúcha, seu programa foi remodelado e ampliado. Transformou-se em "Brasil na madrugada", aumentou o tempo de duração e, através dos 100 quilowats da emissora, coloca o sinal em vários Estados brasileiros e alguns países da América Latina, colaborando também para estreitar e derrubar fronteiras geográficas. Como tem feito ao logo de 52 anos de atividade, Jayme começa nova empreitada e alarga seus horizontes de atuação mais uma vez.

Paradigma de virtudes incomuns, o jornalista homenageado, além de amar e respeitar inteiramente a sua profissão, também ama e respeita com devoção a cidade que escolheu para viver. Para expressar este sentimento, gosta de citar uma frase do chargista Sampaulo: "O que eu posso fazer lá fora que eu não possa fazer aqui mesmo em Porto Alegre?" A pergunta traz implícito o entendimento de que Porto Alegre se basta, é completa para as aspirações de vida do rio-grandino Jayme Copstein. São mais de 35 anos de relações profícuas com a Cidade que ele escolheu para ser cidadão!

Porto Alegre ganhou, mas Rio Grande não perdeu! Jayme Copstein, com seu trabalho em Porto Alegre, virou um personagem de todas as cidades gaúchas. As questões abordadas no "Gaúcha na madrugada", agora "Brasil na madrugada", dizem respeito a todos que nasceram ou vivem no Rio Grande do Sul, nossa eterna e querida província.

Há muitos anos em Porto Alegre, Jayme emprestou seu talento a vários veículos de comunicação, como Rádio Farroupilha, TV Piratini, "Diário de Notícias", "Correio do Povo" e "Jornal do Comércio". Antes mesmo de vir à Capital, o também odontólogo Jayme Copstein já havia estabelecido estreito vínculo com o jornalismo, trabalhando na "Gazeta da Tarde", Rádio Cultura Rio-grandina e ajudando a criar a Rádio Minuano, de São José do Norte, primeira emissora do Estado a transmitir em FM.

Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores, quem vive e trabalha de madrugada, principalmente em Porto Alegre, tem em Jayme Copstein uma referência de opinião, consultoria e debate. São motoristas de táxi, vigilantes, aposentados, funcionários de hospitais ou insones de qualquer natureza que têm a oportunidade de permanente atualização jornalística a partir do "Brasil da madrugada", uma verdadeira aula de jornalismo, sempre a partir da meia-noite, de segundas a sextas-feiras.

É por isso que a homenagem a Jayme Copstein alcança o jornalismo e os jornalistas gaúchos e brasileiros. Para situar-se no mundo, os ouvintes de Jayme Copstein dispõem de sua cultura, seu senso de justiça e sua disposição permanente ao debate. Sua "Tribuna livre", marcada pelo respeito na emissão de qualquer opinião, sublinha um dos momentos mais importantes do jornalismo: a democracia da informação e da opinião construtiva.

Sou, como tantos outros, testemunha também do carinho exemplar que Jayme dedica a seus colegas e auxiliares. Tendo a honra de ter sido seu colaborador nas madrugadas, na área do Direito do Trabalho, aprendi, como nunca, a importância de saber falar a linguagem do povo e procurar sempre ser por este povo entendido, mesmo quando o tema em debate exigisse um conhecimento técnico difícil de ser passado adiante em um veículo de comunicação de massa, como é a Rádio Gaúcha. Sobre isso, aliás, vale a lição do mestre homenageado no dia de hoje, de que jurisprudência não é "coisa de se passar no pão" e que, portanto, deve ser explicada com a máxima clareza, porque os ouvintes não têm a obrigação de entender a expressão. O advogado que sou tem muito das madrugadas da Rádio Gaúcha, seja utilizando o microfone, seja na condição de ouvinte, assim como a representação popular que exerço tem muito do que Jayme Copstein me ensinou.

O homem é ele próprio e suas circunstâncias. Com todo o seu talento e esforço, nem mesmo Jayme Copstein realizou tudo sozinho, assim como, de resto, ninguém o faz. Além de seus colegas e amigos, o incentivo permanente da esposa Maria e a presença das filhas e netos são, eu sei, sua maior força renovadora de energias. A eles, bem como aos seus demais familiares, também o nosso reconhecimento nesta data tão importante.

Hoje, neste local, por decisão da unanimidade dos Vereadores da Câmara Municipal, a Cidade de Porto Alegre homenageia um homem e o seu projeto de vida, um profissional exemplar que fez do seu trabalho um instrumento de construção da cidadania, com uma capacidade extraordinária de renovar-se a cada dia e de ensinar a cada momento.

Segue em frente, Jayme Copstein. O teu trabalho, como sempre, está apenas começando. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra. Fala em nome do PTB.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente em exercício da Câmara Municipal, Ver. Edi Morelli, e autoridades já nominadas, tenho a satisfação de ver sentado à Mesa o meu Professor Tupinambá Nascimento. Tenho uma honra muito grande em dizer que fui aluno dessa grande autoridade no campo do Direito.

Quero saudar, entre todas as pessoas que estão presentes, amigos do Jayme Copstein, alguém a quem tive a honra de conceder o Título de Cidadão: a Sra. Ana Amélia Lemos. Temos tido a satisfação de acompanhá-la, junto ao Ranzolin, na Rádio Gaúcha. O trabalho que fazem merece, realmente, o reconhecimento de toda a Cidade.

Grande comunicador Jayme Copstein, recebi um recado, antes de vir à tribuna, dizendo que eu teria apenas cinco minutos. Acho isto bom, porque as pessoas que estão aqui vão ouvir vários oradores que vão reverenciar o Jayme Copstein. Escrevi um texto no qual tento falar o que penso do Jayme Copstein. Não vou fazer a sua biografia. O Pedrinho Ruas, com muita felicidade, na sua fala, já disse da vida do Jayme Copstein, daquilo que ele realizou dentro e fora do rádio. Nós vamos falar do que conhecemos dele, que é ele como homem e profissional.

Devo dizer, também, que tenho a grande satisfação de ter tido o meu primeiro contato com o Jayme Copstein numa ocasião em que sofri uma grande aflição. Nós estávamos acompanhando os resultados eleitorais de 1988. Eu estava, naquela ocasião, ocupando e desocupando uma última vaga na nominata do PMDB, partido em que eu militava. De repente, fiquei sem saber de notícia alguma. Socorri-me, por volta de meia-noite e meia, do nosso amigo Jayme Copstein, e foi exatamente o Jayme que me mostrou, com seus apanhados todos, que na verdade eu estava eleito na eleição de 1988, terminando com uma aflição que, se não fosse ele, iria se estender pela madrugada toda.

Mas o grande mérito do Jayme Copstein, na minha opinião, é ter revolucionado o rádio da madrugada. Por que a madrugada? Para as programações, somente existiam com sucesso programas de tangos, alguns musicais enfadonhos, para punir apresentadores. Nós, que somos radialistas de muitos anos, 35 anos, sabemos que os chefes de programação colocavam lá, na madrugada, aqueles apresentadores que tinham que ser punidos de alguma forma. Colocavam programadores iniciantes, pessoas com pouca experiência. A madrugada servia exatamente para isso, há algum tempo atrás, dentro do rádio. Jamais poderia passar pela cabeça de um chefe de programação que alguém teria competência para ser popular dentro da madrugada, discutindo assuntos da Cidade, do País e do mundo, conversando com pessoas de vários lugares, aproveitando a fantástica potência da Rádio Gaúcha, ouvindo opiniões e dando a sua.

O nosso homenageado não possui aquela voz melodiosa que sempre caracterizou apresentadores do horário da madrugada em qualquer rádio que quisesse investir numa audiência, mas ele tem o que é mais importante para qualquer homem de sucesso em qualquer campo: inteligência, senso prático, poder de comunicação e uma personalidade marcante. Hoje, na realidade em que vivemos, uma opinião, pelo menos, pesa durante a madrugada.

Faço uma confissão, Jayme: não posso participar com freqüência do teu programa, que gosto muito, porque tenho que levantar às 5h30min da manhã porque tenho um programa de rádio, em outra emissora, que começa às 6h. Então, não tenho a oportunidade, como tem o Pedro Ruas, de poder participar do teu programa. Sei que o público da madrugada se prende no programa do Jayme Copstein.

Como radialista, é um batalhador para que a categoria seja reconhecida com a dignidade desejada. Orgulho-me de tê-lo como companheiro de profissão. Neste momento, todos nós, profissionais do rádio, temos que render ao grande Jayme Copstein nossa homenagem, pois ele abriu uma janela que estava historicamente fechada. A madrugada, depois do Jayme, começa a ser tratada diferentemente. O rádio na madrugada tem público, é rentável, só que existe uma condição imposta pelo Jayme Copstein: ele tem que ser tratado com muita seriedade, com profissionalismo, com visão de quem não se satisfaz com dogmas estabelecidos, pessoas que têm sua própria verdade. Aliás, eu acredito que esse grande público da madrugada que de repente foi descoberto por personalidades do rádio, como é o caso do Jayme Copstein, agora tem realmente um grande representante. Assim como nós aqui somos representantes de segmentos da população, eu acredito que o público da madrugada tem como seu grande representante, ali nas madrugadas da Rádio Gaúcha, este grande homenageado da Câmara Municipal, o nosso Jayme Copstein. Parabéns, Jayme. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Fernando Záchia está com a palavra pelo PMDB.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Embora não seja um político profissional, Jayme Copstein é reconhecido pela sociedade gaúcha como um verdadeiro homem público, isso por sua competência e dignidade na honrada função de comunicador. Diariamente, nas madrugadas de terças-feiras a sábados, suas opiniões e recados invadem, no bom sentido, milhares de residências rio-grandenses, brasileiras e também de outros países sul-americanos, sempre com uma voz amiga, mesmo às vezes parcial, em busca da justiça, especialmente a social. A maioria dos ouvintes, milhares, apesar da madrugada, com certeza não o conhece pessoalmente. Isso não impede, porém, que o nome Jayme Copstein seja íntimo de todos. Sem dúvida que suas mensagens não contam com a unanimidade, só que, sem exceção, elas são aguardadas com ansiedade, até para que possam divergir, em silêncio, junto de seus aparelhos radiofônicos.

No entanto, no seu programa "Brasil na madrugada", transmitido através das potentes ondas da Rádio Gaúcha há dez anos, existe o segmento destinado ao ouvinte - o de maior duração. De maneira completamente democrática, essa "Tribuna livre" permite ao ouvinte, via telefone, expressar suas idéias, debater com o radialista e, inclusive, contestá-lo. Esse propósito tornou o programa internacionalmente popular e o incluiu entre os de maiores audiências de rádio da América Latina. Dessa forma, o dentista aposentado Jayme Copstein, que optou pelo radialismo e jornalismo ainda adolescente, na velha Rio Grande, onde nasceu há 67 anos, atingiu um dos mais elevados patamares em termos de comunicação social. Propicia notícias, informações e entretenimento aos noctívagos e também trabalhadores desse período, como ainda lhes oportuniza momentos de êxtase para muitos na medida em que, quase anonimamente, têm acesso ao rádio para externar seus pensamentos.

Os méritos de Jayme Copstein não se restringem a esse presente vitorioso no rádio. Também o foi no passado, em emissoras "papa-areias", isto é, rio-grandinas, e da Capital, como principalmente em jornais e até televisão. Ressalte-se sua passagem de "apenas" dezesseis anos no antigo "Correio do Povo", do Dr. Breno Caldas, onde ficou até o final desse jornal, em 1984, sendo Secretário de Redação.

Por tudo isso, parabenizo a iniciativa do colega Ver. Pedro Ruas em propor o Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre a Jayme Copstein. Aos dois, Pedro e Jayme, meus reconhecimentos por este momento que tanto dignifica a nossa Câmara Municipal e Porto Alegre com mais um cidadão. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Antes de anunciar o próximo orador, eu gostaria de registrar a presença do nobre Ver. Guilherme Barbosa. Também vou quebrar o protocolo - estou emocionado -, falando sobre as presenças de Paulo Bortolucci, Joabel, Sampaulo, Ana Amélia, Armindo Antonio Ranzolin, de quem - confesso, de público - sou "macaco de auditório" nas transmissões esportivas.

O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra pelo PPS.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, caro companheiro Jayme Copstein e Sra. Maria Copstein, demais jornalistas, Vereadores, Senhoras e Senhores, eu não poderia faltar a esta Sessão e vejo que ela se impõe pela presença de tantos nomes ilustres que compõem a constelação da comunicação social de Porto Alegre e do Estado. Isso é mais do que prova do prestígio que goza o homenageado de hoje. O Jayme é mais um dos rio-grandinos que vieram construir principalmente o rádio e, depois, a televisão de Porto Alegre. São inúmeros os nomes que aqui vieram trazidos pelos ventos da necessidade para fazer o orgulho e a grandeza do rádio porto-alegrense. Não citarei nomes, porque poderia me perder e seria perigoso esquecer algum. Mas o Jayme é dessas criaturas que engrandecem e enobrecem. Não vou falar no jornalismo escrito e na televisão; vou falar no rádio, porque o Jayme, hoje, é mais conhecido como homem de rádio. E vou "puxar a brasa para o nosso assado". O rádio continua sendo o grande veículo de comunicação de massa deste País. Quem leu os jornais, hoje, viu o próprio Presidente da República reconhecendo isso: vai utilizar o rádio como meio de comunicação preferencial junto à sociedade brasileira. Isso é uma coisa que nós, jornalistas, vimos dizendo há muito tempo, só que não nos ouvem. Quando nos ouviam, desviavam o assunto. Hoje, o sistema nacional de rádio foi deturpado, e por isso é que o cidadão brasileiro chega a ficar atordoado com a pletora de informações das emissoras de rádio que, às vezes, agridem os ouvidos do cidadão brasileiro.

O Jayme é uma exceção, pois ele conseguiu, através do rádio, fazer-se respeitado. E com o respeito devido a ele como intérprete, respeitamos o veículo que ele representa: o rádio. Esse é o sentido maior que credito a esta homenagem que em tão boa hora o Ver. Pedro Ruas nos proporciona, com tantos nomes ilustres hoje aqui presentes, nesta sala, nesta singela homenagem. Não poderia deixar de me referir ao longo tempo de conhecimento que temos, das emissoras de rádio por que passamos: Farroupilha - 22º andar da Galeria do Rosário -, lá, foi o nosso tugúrio por muitos anos; depois, a Rádio Guaíba, lá no morro; e todas as emissoras pelas quais passamos, mas sempre com o sentimento de coleguismo.

O Jayme, hoje, tem um papel muito importante na Associação Rio-grandense de Imprensa. Estão aqui o nosso velho comandante Alberto André e a Dona Lourdes. Este ano a ARI completa sessenta anos e o Jayme é o Presidente do Conselho Deliberativo.

 

O SR. JAYME COPSTEIN: Ver. Lauro, eu sou membro da Comissão de Ética e Legislação. O Presidente agora é Alberto André.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Estão aqui o Antonio Gonzales, Presidente da ARI, e os outros companheiros que presidem e presidiram entidades de imprensa, e o Jayme tem um papel destacado nesse processo de congregação dos profissionais da comunicação. Isso nos agrada muito, porque passamos nossa vida toda tentando fazer justamente esse papel de congregar esses elementos que prestam inestimável serviço à comunidade, mas muitas vezes não têm o reconhecimento dessa mesma comunidade. Os jornalistas, hoje, têm um papel fundamental no processo de desenvolvimento deste País. Lamentavelmente, as coisas não andam como gostaríamos. Há um descaso muito grande pelo papel do profissional da comunicação, e nenhum instrumento moderno do mundo vai substituir o homem, o fator humano, nesse processo. Nenhum computador, nenhum instrumento tecnológico vai substituir o cérebro humano no processo de comunicação. Repito uma frase que já disse aqui outras vezes: comunicação se faz com gente, para gente, com gente, e não com instrumento.

Jayme, prazerosamente, abraço-te em nome da comunidade que te trouxe a Porto Alegre por necessidades profissionais e, sobretudo, porque aqui tu representas toda a coletividade num programa que tem uma larga audiência, que valorizou um aspecto do nosso rádio e, sobretudo, pela valorização do nosso instrumento, o rádio, como elemento fundamental de alavancamento da sociedade num momento tão grave como esse que estamos vivendo. Parabéns. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver. João Dib, que fala em nome do PPR.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os demais componentes da Mesa.) Está claro que, depois dos talentos que me antecederam nesta tribuna, eu não devo falar nada sobre as qualidades do Jayme Copstein, sobre o seu trabalho e passado de realizações, porque todos aqui o conhecem, e o conhecem muito bem. Devo apenas dizer que, no entendimento de Léon Daudet, em suas "Recordações literárias", "jornalista é talento, tato e vivacidade". Isso tu tens em quantidade suficiente para que tenhas sido homenageado hoje e respeitado pela coletividade gaúcha e além de nossas fronteiras também.

Mas a vida é feita de momentos: momentos de tristeza, de satisfação e momentos de glória. Este é um momento de glória na tua vida, é um momento para um homem simples sentir o seu coração bater mais aceleradamente, e esses momentos de glória, de satisfação, são os que nos dão condições de vencer os outros, e é por isso que, na poupança da tua vida, eles têm de ser depositados para serem usados adiante. Este é um momento de glória teu. É claro que um radialista vive da sua audiência, e a audiência, na medida em que cresce, deixa o jornalista ficar mais satisfeito, vibrar mais. Mas a audiência mais importante do Jayme Copstein foi crescendo aos poucos: primeiro a Maria; depois veio a Léia, com o Clóvis, e trouxeram netas - a Berenice e a Bruna; depois da Luci, com o Roberto, e lhe trouxeram mais netas - a Joice e a Alice; e, depois, a Léslie, que ainda não lhe deu netos, mas por certo há de dar. Essa é a melhor audiência, e essa audiência é que fez com que você esteja hoje sentado nesta Casa, recebendo, por proposição justa e magnífica do Pedro Ruas, o reconhecimento da Cidade de Porto Alegre por tudo aquilo que tens feito na divulgação da nossa Cidade, da nossa Capital e na promoção da coletividade. Porque ouvimos, ao longo das noites e das madrugadas, o ouvinte da Gaúcha buscando informações e recebendo informação na mesma hora, até com assessores para que possam responder melhor. Portanto, não estaria sentado aí se não fosse essa jovem que está ao teu lado, dizendo, com a audiência que ela soube organizar, "vai em frente, quando as coisas complicam, que nós aplaudimos daqui mesmo".

Na verdade, o tempo é curto e não se pode dizer muito mais, porque nós poderíamos falar muitas coisas bonitas, mas eu vou copiar o Pedro Ruas, o Sampaulo, quando eles perguntam - porque o Jayme Copstein usa, então, a expressão de Sampaulo: "O que eu posso fazer lá fora que eu não possa fazer aqui mesmo, em Porto Alegre?"

Perguntado a Sócrates, o filósofo, se ele era grego, ele respondeu: - "Eu não sou de Atenas e não sou da Grécia. Eu sou do Mundo". O Jayme Copstein, hoje, já pode dizer: - "Eu sou um pouquinho da Cidade de Rio Grande, sou bastante do Rio Grande do Sul, mas sou todo de Porto Alegre e Porto Alegre, sim, é o mundo". E este mundo - Porto Alegre - tem sido reverenciado, homenageado, divulgado pelo Jayme Copstein. Então, viva o teu mundo!

Mais uma coisa, Jayme: o grande perigo da atualidade é o cansaço dos bons. É o grande perigo. E esta Casa, hoje, está te dizendo, através dos seus trinta e três Vereadores, que tu és um bom. Portanto, não podes cansar. Esta Casa está dizendo que, com a tua audiência particular e mais aquelas de centenas de milhares que tu não conheces, tu tens que continuar sendo bom, servindo a tua empresa, servindo o teu povo, servindo ao teu mundo. Felicidades, Jayme Copstein! (Palmas.) Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra pela Bancada do PFL.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Hoje se poderia dizer que o "Brasil na madrugada" começou mais cedo. Certamente, muitos dos que aqui estão, e alguns a quem eu me vinculo com liames familiares, são assíduos ouvintes do Jayme Copstein e o fazem naquele horário que até bem pouco a "Gaúcha na madrugada" se fazia ouvir e que hoje o “Brasil na madrugada” se faz ouvir. Certamente, a vinda de tão diversas pessoas na Casa Legislativa de Porto Alegre decorre muito mais pelo tamanho do homenageado do que propriamente pela homenagem que a Cidade está prestando ao Jornalista Jayme Copstein.

A situação de hoje é daquelas em que o homenageado é maior do que a homenagem. Hoje, Ver. Morelli, V. Exa., que é o grande censor da Casa, apaixonado pelo cumprimento do Regimento Interno, se traiu. V. Exa. tinha a responsabilidade de conduzir o "fato" do programa, estabelecendo os cinco minutos de forma muito mais liberal do que o "fato" que concede apenas três minutos para os ouvintes se manifestarem na madrugada. V. Exa. se traiu e, obviamente, teria de fazer essa concessão, porque, vendo a Ana Amélia, o Armindo Ranzolin, o Dr. Alberto André, o Walter Galvani, o Vieira da Cunha, enfim, tantas pessoas presentes, não há Regimento que possa se impor a ponto de que um protocolo não se quebre para que se façam esses registros.

Eu sou tido na Casa como prolixo, tanto que enfrentei algumas dificuldades, há alguns minutos, antes de se iniciar essa Sessão. A nossa competente Assessoria de Imprensa me pedia que eu resumisse numa frase minha opinião sobre a tua pessoa, sobre a tua atuação no jornalismo, na rádio, na imprensa rio-grandense. Pensei um pouco e busquei, com o maior poder de síntese possível, sintetizar a minha opinião sobre a tua atuação, dizendo que ela reflete a experiência, a isenção, a sabedoria com que o tempo contempla aqueles que fazem jornalismo com convicção e com idealismo. Depois que escrevi estas palavras, alinhavei esta frase, eu quase que me recusei a subir a esta tribuna, porque, em verdade, acho que Deus me iluminou e eu tive um dia - eu, que sou prolixo - de poder da síntese.

Na verdade, o que mais se releva e o que mais se salienta na tua pessoa é essa experiência que tu adquiriste com o tempo na atuação em tantas emissoras de rádio, no nosso velho "róseo", nosso querido "Correio do Povo", que hoje se concentra e se objetiva no teu programa da madrugada. Eu ainda não me acostumei a falar em "Brasil na madrugada" porque os anos me acostumaram a falar no "Gaúcha na madrugada". Essa experiência, aliada a um atributo que eu considero indispensável ao jornalismo, que é a isenção, te dá uma característica muito especial, porque eu não sei se a isenção surgiu antes da experiência ou a experiência te ditou a isenção. Eu sei que a conjugação dessas duas características te conduz ao que entendo ser a sabedoria com a qual tu fazes o jornalismo em nossa terra e para a nossa gente.

O tempo contempla aqueles que fazem jornalismo com convicção e com idealismo, a convicção com que o Jayme faz jornalismo. Nos diz o Ver. Pedro Ruas, na Exposição de Motivos do seu Projeto de Lei consagrado pela totalidade da Casa, que a motivação pelo jornalismo é aquela que fez com que tu passasses algum tempo em Porto Alegre para alegrar os teus pais, que exigiam de ti o curso superior, que te consagraste ao esforço familiar de ver demonstrada na objetividade da escolaridade a realização familiar. A Odontologia para ti não era o que mais te clamava, não era o que mais te chamava, tanto que logo conseguiste retornar a Porto Alegre, lá pelo final dos anos 50, início dos anos 60, quando muito. Voltando para cá, não foi a Odontologia que te seduziu; foi, mais uma vez, o jornalismo, a comunicação.

Então, Jayme, eu quero, tranqüilamente, dizer-te o seguinte: sou uma pessoa que te ouve muito, porque, diferentemente do meu amigo Luiz Braz, é exatamente no início da noite que eu consigo ler, escrever e, às vezes, sou até atrapalhado, no bom sentido, porque minha atenção é chamada para as informações a que me conduzes nas primeiras horas da manhã. Ouvindo-te durante todo esse tempo, tive, uma única vez, a oportunidade de conversar contigo no ar, logo no início da tua programação, acredito que no ano de 1985. Mas, mesmo não sendo contumaz na ocupação do microfone da Rádio Gaúcha, o microfone que - eu proclamo - tu ocupas com sabedoria, utilizando a tua experiência e isenção, tenho, Ana Amélia, a condição de proclamar que essa frase que consegui sintetizar é absolutamente correta: "A isenção tem sido a característica do Jayme na condução do seu programa".

Acho que a imprensa brasileira - e falo isto diante de tão ilustres jornalistas aqui presentes - precisa, mais do que nunca, da isenção para conduzir a comunicação, de tal sorte que ela seja, efetivamente, formadora da opinião pública e não deformadora da opinião pública. Por isso, Jayme, eu te saúdo como grande formador da opinião pública gaúcha através de "Gaúcha na madrugada" que, agora, se estende para "Brasil na madrugada". Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE: O próximo orador é o Ver. Giovani Gregol, que fala pelo PT.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa.) Saúdo também todas as Lideranças, entidades da sociedade civil, comunicadores eméritos, amigos, parentes do Jayme e da família Copstein que aqui estão.

Venho a esta tribuna, como dizia um personagem de uma peça de Shakespeare: "Assomo à tribuna por fim, mas não por último". Isto, citado em inglês, fica bem mais bonito: "Por fim, mas não por último". Por que digo isto? Porque, além da responsabilidade de falar por uma bancada que hoje é a maior desta Casa, a Bancada do Governo, da Administração que gere os destinos desta Cidade, não queremos, não aceitamos, de forma alguma, sermos os últimos; queremos ser os primeiros a homenagear Jayme Copstein.

Este é um momento político importante para nós, porque o Lula, neste momento, já saiu da nossa sede na Rua João Pessoa, liderando uma caminhada rumo a um ato da CUT e outras entidades da sociedade civil que vão se manifestar ou já estão se manifestando no Centro da nossa Cidade sobre o estado difícil por que passa hoje a nossa Pátria.

Fizemos questão de estar aqui para representar e dar nosso recado a esta figura, a esta personalidade que já é uma personalidade pública marcante para os porto-alegrenses, como outras, em outras áreas - Luis Fernando Verissimo, Xico Stockinger, Vasco Prado e tantos outros, que nem me atrevo a falar, da érea da comunicação -, porque vários estão aqui, pessoas conhecidas e reconhecidas não só nos seus meios profissionais específicos, mas também reconhecidas, amadas e queridas da população, que são referências da população, do povo em geral. Vamos usar essa palavra sem medo: o povo porto-alegrense, deste porto que ainda teima em ser alegre.

A Vera. Maria do Rosário pediu-me que falasse em seu nome também. Ela ainda está formalmente sem bancada, mas, como já foi noticiado hoje, ela decidiu pela adesão ao nosso partido, que volta a ter dez membros nesta Casa.

Quero finalizar ressaltando tudo o que foi dito aqui, mas que para nós é muito importante. Eu sou um ouvinte do Jayme e também, às vezes, fico sem dormir, interessado no programa, às vezes com insônia, às vezes lendo. Às vezes, cansado demais para ler, ouço o programa que é antigo, mas sempre atualizado, moderno, que antigamente era e hoje continua sendo o companheiro dos trabalhadores da madrugada, dentre eles o padeiro, o motorista de táxi, o guarda noturno, o confeiteiro e assim por diante. Hoje, além de manter toda essa audiência, ganhou muito mais ouvintes pelo Brasil afora e até aqui, no âmbito do MERCOSUL, com nossos "hermanos", que também acompanham o programa do Jayme.

A nossa imprensa tem um referencial nacional e internacional de seriedade, de isenção, de profissionalismo. Na sua extrema maioria é assim que se comportam, é assim que atuam os comunicadores gaúchos que trabalham aqui e trabalham fora do Rio Grande do Sul. Esses profissionais assim consideram e assim atestam que o Jayme é reconhecido como um exemplo, como um referencial, como um parâmetro de profissionalismo, de independência, sem abrir mão, sem fazer um jornalismo pasteurizado. O Jayme não tem medo de tomar posições, não tem medo de se expor, inclusive. Erra como erramos, mas por si próprio, não por injunção de outros que acima ou abaixo dele venham a influenciá-lo no exercício da sua profissão. Essa imparcialidade, que não deve ser confundida com neutralidade - porque sabemos que o juiz, quando julga, decide por um lado -, essa imparcialidade que não prejulga, que não atua com preconceito e que o Jayme tem demostrado através dos anos, sem dúvida, é, para nós todos que o admiramos e que hoje o estamos homenageando por um Projeto de Lei que foi votado por unanimidade dos trinta e três Vereadores desta Casa, de todas as bancadas, de todos os partidos e por iniciativa do meu amigo e colega Pedro Ruas, uma referência.

Espero que possamos contar por muitos anos com o Jayme entre nós e, principalmente, dando-nos aquele belo recado e exemplo de profissionalismo e de vida que ele tem conseguido dar pela sua competência e pela sua força durante tantos anos aqui na Cidade de Porto Alegre e no Estado do Rio Grande do Sul.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Vice-Prefeito Dr. Raul Pont havia solicitado para se retirar às 18h20min em virtude do ato público que acontece no Largo Glênio Peres. Dessa forma, pedimos que o Vice-Prefeito faça a entrega ao homenageado do Brasão da nossa Porto Alegre e que o Ver. Pedro Ruas faça a entrega do Título de Cidadão de Porto Alegre.

 

(É feita a entrega do Brasão e do Título.) (Palmas.)

 

Está com a palavra o Sr. Jayme Copstein.

 

O SR. JAYME COPSTEIN: Exmo. Sr. 2º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Edi Morelli, hoje no exercício da Presidência desta Casa; Exmo. Sr. Vice-Prefeito de Porto Alegre, Raul Pont; Exmo. Sr. Representante do Tribunal de Justiça do Estado, Desembargador Tupinanbá Nascimento, a quem eu confesso uma antiga admiração e um profundo afeto; Exmo. Sr. Presidente do Tribunal Regional Eleitoral, Desembargador Luiz Melíbio Machado, a quem devo manifestar a alegria de, em uma certa época, termos privado em um projeto pioneiro, que era o da divulgação da Justiça no Rio Grande do Sul.

Srs. Vereadores, eu gostaria de romper o protocolo, porque eu quero fazer uma referência especial a duas pessoas muito queridas e que se encontram no Plenário, ambas responsáveis, de alguma maneira, por este momento: uma jovem professorinha, Clélia Rocha Fonseca, que me alfabetizou e que está lá, com a sua cabecinha branca. (Palmas.)

Em anos posteriores, quando lia um livro do Erico Verissimo, "Música ao longe", onde se retratava uma professorinha que pegava a mão do menino e o ensinava a fazer um "o" bem redondinho, eu fiquei pensando como é que ele soube que foi assim que ela me ensinou a fazer a letra "o". De maneira que eu rompo o protocolo com um enorme beijo a minha primeira namorada, a Célia Rocha Fonseca.

Em segundo lugar, aquele que me abriu as portas do jornalismo e que se encontra, também, no Plenário, o Jornalista Dario Torres Martins, que era o Diretor da "Gazeta da Tarde" quando eu comecei no jornalismo, na Cidade do Rio Grande. (Palmas.)

Quero, também, estender um abraço ao Vereador da minha terra natal, Ver. Oscar Campos Moraes, que se encontra nesse recinto, ex-Presidente da Câmara Municipal da Cidade, que hoje me honra com a sua presença. (Palmas.) E, naturalmente, a família aqui representada por dois patriarcas: Davi Rafael Copstein e Isaac Copstein. O Davi Rafael praticamente foi guri junto comigo, mas, depois, vocês haverão de contar, muito convenientemente, como eu fiz "pipi" nos braços dele.

Percorri com dificuldade o caminho até chegar a este momento na Câmara Municipal de Porto Alegre. O Título de Cidadão Porto-Alegrense é honroso e, com toda a certeza, acima dos meus méritos. Também não tenho por hábito aceitar homenagens. Não é questão de modéstia. Pura timidez. Foi este o principal obstáculo que tive de vencer para chegar até aqui. Acabei rendido por vários motivos. O primeiro, do coração. Há um tipo de coação a que não consigo resistir - a do afeto. E o Ver. Pedro Ruas detém meu particular afeto. Eu o conheço desde que, ainda muito jovem, emplumava para os grandes embates da vida. E porque com ele me identificava nas angústias e esperanças de dias melhores para o futuro do nosso País, o estimulava nesses primeiros arrebatamentos, convidando-o a associar-se a mim em uma missão assaz difícil: a de transformar um horário de rádio, tradicionalmente dedicado a anedotas picarescas e a angariação de encontros amorosos, em uma tribuna livre para o exercício irrestrito da cidadania. Com Flor Édison da Silva Filho e Raul Portanova, ele o fez com brilho, no campo do Direito do Trabalho, matéria de sua especialidade, até receber o mandato da representação, no qual uma segura e proveitosa atuação o está conduzindo a píncaros mais altos.

Sou também amigo de longa data de seus pais, o Jornalista Isnard Ruas, colega na Redação do velho "Correio do Povo", e de sua mãe, a Prof. Flora, oriunda de uma família à qual me ligam laços profundos de admiração. São os Fagundes, que todo o Rio Grande conhece e aplaude, dos quais mais intimamente privei com o inesquecível Darcy, nos tempos da velha PRH..2, a Rádio Farroupilha, quando a emissora integrava os "Diários Associados". Não há quem resista a coação sentimental tão intensa.

Não param aí as razões do afeto. Têm assento nesta Câmara outros amigos queridos, de extração ideológica completamente díspar, porém com patrimônio comum que é seu apanágio: a competência, a inteligência, a bravura e a lealdade aos seus ideais. Hão de me permitir referência especial a João Dib, o decano desta Casa, a Lauro Hagemann, Pedro Américo Leal, Clóvis Ilgenfritz, Maria do Rosário e Antonio Hohlfeldt, sem que a citação particular resulte em detrimento a quem quer que seja. Se a eles me subjuga o penhor da amizade, aos demais membros desta Casa professo admiração e aplauso pela missão que desempenham.

A segunda razão para aceitar a honraria é uma imposição de ordem política, tomando-se política como exercício de cidadania. Nos idos de 1968... Neste momento, faço um pequeno parêntese, porque eu olhava para o Dario Torres Martins, que guiou meus primeiros passos e, depois, lembrava-me do Vieirinha, em Cachoeira do Sul, da Ana Amélia, começando também os seus primeiros passos, naturalmente lamentando que não tenha sido eu que os tenha guiado, mas já revelando, desde aquela época, um talento maiúsculo, e quero fazer a eles esta homenagem aqui, de público, como faço também ao meu querido Alberto André, à Dona Lourdes e ao Antonio Gonzales, Presidente da nossa Associação Rio-grandense de Imprensa.

Mas dizia que, nos idos de 1968, quando em companhia de outros jornalistas, entre eles Ana Amélia Lemos, ainda estudante de Comunicações, visitava a Câmara Municipal de Lagoa Vermelha, em pleno regime militar de tão desagradável memória, coube-me agradecer a recepção hospitaleira. E inspirado pela pequenez e pela modéstia da sala, onde se apinhavam os Vereadores e a comunidade, nasceu-me a consciência de que sempre deveria entrar no recinto de um Legislativo com a compunção de um devoto, eis que se está ingressando no interior de um templo, cujo único ícone é a liberdade, que ora se cultiva com os ruídos e os excessos dos melhores tempos, ora com a discrição e a humildade que nos impõem os tempos mais dificeis.

É claro que nos altares desse templo oficiam santos e devassos. E como há que se tomar sempre o todo em suas partes, e jamais uma parte pelo todo, o que temos aí é o próprio retrato do ser humano, dentro do qual travam eterno conflito a virtude e o pecado. Por mais relativos que sejam os conceitos de um e de outro, há sempre uma verdadeira ética a se sobrepor aos laivos do moralismo retrógrado: a do direito inalienável da cidadania, de expressar e exercer, com liberdade plena, convicções e idiossincrasias.

Por falar em liberdade, torna-se imperativo o registro: eu não teria chegado aqui se o meu itinerário não se cruzasse com o da Rede Brasil Sul de Comunicação. Trago bagagem volumosa, armazenada nos veículos de comunicação que foram ou são importantes ao longo de cinqüenta anos de vivência com o jornalismo. Vivi de esperanças e sofri decepções na medida em que povoava meus sonhos de mitos e deles acordava para a realidade. Mas eu teria continuado anônimo nas sombras da trincheira - como tantos outros trabalhadores das redações dos jornais, com quem, aliás, divido as honras desta homenagem - não fosse o acaso, a inspiração de Flávio Gomes de ter me proporcionado o acesso ao microfone no antigo "Gaúcha na madrugada" e a visão da família Sirotsky e de Fernando Ernesto Corrêa de que novos tempos estavam chegando para o jornalismo do Rio Grande do Sul., visão que formatou e projetou a Rádio Gaúcha como uma das mais importantes emissoras do País.

O que a RBS me proporcionou nestes dez anos que lá trabalho foi expresso em carta que enviei aos seus diretores, com depoimento que é parte de meus papéis, para uma futura divulgação. Permito-me reproduzi-lo aqui porque também é parte importante do registro:

"Às vésperas de completar meu primeiro decênio na RBS, cumpro dever de honestidade: ao longo dos 52 anos de carreira, com passagens por diversas empresas e veículos de comunicação, pela primeira vez usufruo de liberdade plena no exercício profissional. É aí que reside o êxito do 'Gaúcha na madrugada', que agora se transforma em 'Brasil na madrugada', para que o título corresponda à potência da emissora e à sua abrangência. É o programa que eu quis fazer, e eu o tenho feito sem a menor interferência ou censura de qualquer espécie, mesmo quando temas pouco confortáveis para a empresa ou seus amigos tenham sido abordados. No jornalismo criam-se muitos mitos para substituir ideais não alcançados. Pois tenho o raro privilégio de assinalar que a situação agora se inverte: a realidade substitui o mito. Confesso-me inteiramente feliz ao registrar estes sentimentos que tornam a ocasião muito festiva."

Mas há ainda uma outra razão para que eu percorresse o caminho que me trouxe aqui, nesta tarde - a de prestar um depoimento sobre o jornalismo do meu tempo que ficasse preservado para o futuro, nesta tentativa de revogar a lei dos profetas, quando diz que uma geração passa e uma geração vem, e de nenhum tempo fica memória. Em nosso País, principalmente em nosso Estado, que se distingue dos demais pela gênese fronteiriça, há necessidade de fixar esse passado para evitar graves equívocos. Se não tenho capacidade para apontar todos, pelo menos a um desses equívocos desejo referir-me para que não se perpetue a injustiça.

Falo de Breno Caldas, cujo nome, passados poucos anos, pouquíssimos anos de seu fastígio e de sua morte, está relegado ao mais completo e absurdo esquecimento. Não vejo o seu nome em nenhuma rua, logradouro ou instituição de grande porte, como seria de se esperar à guisa de reconhecimento a alguém que, em seu tempo, escreveu páginas memoráveis no jornalismo gaúcho. É um mistério este silêncio público, como também no privado são incompreensíveis os únicos comentários que se fazem a respeito, todos ligados à falência de sua empresa, tomada como castigo a uma suposta e fictícia arrogância, que nada mais era do que uma invencível timidez, como se toda a sua presença na vida do nosso Estado tivesse sido a de um herdeiro estrabulega, que gastasse seu tempo a dilapidar fortunas e devesse ser consumido com o último tostão. Ele não herdou nada. Ele construiu a sua própria grandeza.

Quando tento decifrar o enigma, mergulho em perplexidade e estupefação. Será este o tratamento digno, partindo da sociedade rio-grandense que tanto preza as suas tradições de decência? Não posso crer que a nossa gente tão audaz, tão intimorata, tão impávida, apenas bajulasse o poder quando superlotava o Salão Nobre do velho "Correio do Povo", tornando o 1º de outubro uma festa memorável.

Olho para trás, relembro aquelas cenas e vejo sempre a sua figura, ao mesmo tempo romântica e patética, sem apelos à piedade alheia nem cobrança dos favores prestados, abrindo o peito aos obuses de uma batalha que sabia de antemão perdida, mas da qual não podia fugir por questões de honra e para não renunciar ao que punha acima do dinheiro, do prestígio e do poder, que era a sua dignidade pessoal.

Foi um equívoco? Do ponto de vista ético e até estético, não. É assim que tombam na floresta os velhos jequitibás. Não são como os bambus, que se vergam às tempestades. Por isso mesmo, só as árvores frondosas como os jequitibás é que encorpam as florestas. Os bambus não passam dos taquarais. Do ponto de vista empresarial, foi um equívoco, um terrível e definitivo equívoco que revelava, nos últimos tempos, visão ultrapassada de jornalismo romântico. E ele, que criara a "Folha da Tarde", o primeiro tablóide de sucesso a circular no País, ele, que levara o "Correio do Povo" a alturas até então jamais atingidas por qualquer outro jornal do Rio Grande do Sul, não percebeu que a evolução da tecnologia em ritmo vertiginoso não mais permitia a sobrevivência de veículos de comunicação de massa, a não ser dentro de empresas cientificamente estruturadas, para que a solidez material assegure a independência editorial. O tempo dos Quixotes era findo.

Pena que nestes tempos tão desestruturados em que vivemos não se resista à tentação de medir o valor dos homens pelo seu sucesso comercial. Aqui entra a diferença que, se é importante em todos os ramos da atividade humana, é vital no jornalismo: a diferença entre o exercício do poder, uma questão de talento, e a ostentação do poder, que é pura corrupção. É o que separa homens como Breno Caldas de aventureiros como Assis Chateaubriand.

Registro rapidamente três episódios que falam por si. O primeiro, de 1970, quando o regime autoritário fechou-se ainda mais e, sob a pressão da caça às bruxas, ele foi procurado por alguém que denunciava a infiltração comunista na Caldas Júnior. Perguntou quantos comunistas havia na empresa, e o delator, muito cioso, afirmou: - "Uns 30%". Com a ironia penetrante que o caracterizava, ele soltou: -"Então, não se preocupe. Enquanto não forem 51%, não nos tocam daqui para fora."

O segundo episódio foi protagonizado pelo Jornalista Lauro Hagemann, hoje Vereador ilustre, com assento neste colegiado. Cassado pelo regime, Hagemann apresentou-se como candidato em um concurso de locutores para a Rádio Guaíba. Advertido por um sevandija - e esses estão sempre presentes nos momentos dificeis - de uma suposta impossibilidade de sua admissão, procurou Breno Caldas para lhe perguntar se era um concurso com cartas marcadas. O velho Breno, como nós o chamávamos carinhosamente, respondeu: - "Você já é da profissão, para que quer fazer concurso? Vá logo trabalhar." E ordenou a imediata contratação do Lauro.

Alguns dias depois, elementos do regime pediram audiência para manifestar que os militares não viam com bons olhos a presença de Lauro Hagemann entre os profissionais da Rádio Guaíba. A resposta foi ríspida e taxativa: - "Enquanto não promulgarem um ato institucional em contrário, sou o presidente da empresa e o rapaz vai continuar trabalhando conosco."

No terceiro incidente, alguém também ligado à ditadura trouxe como grande furo jornalístico o envolvimento de um familiar do Sr. Leonel Brizola em ocorrência policial, aliás, repetida posteriormente, quando foi Governador do Rio de Janeiro. Brizola, ao tempo em que ocupou o Palácio Piratini, teve graves desentendimentos com a Caldas Júnior. Foi uma guerra feroz, e os arroubos de sua juventude foram responsáveis por alguns excessos dos quais ele não tem motivos para se orgulhar.  Sobrevindo o regime militar, Brizola, no exílio, virou saco de pancadas, sem condição de revidar. Mas havia, dentro da Caldas Júnior, a máxima de que não se tripudiava sobre o vencido. O mensageiro do suposto furo de reportagem saiu "com o rabo entre as pernas", quando lhe foi dito, com todas as letras, que os jornais de Breno Caldas não desciam a tais baixezas.

Suponho que o Sr. Leonel Brizola soube do ocorrido. Nos anos 80, quando voltou do exílio, ao visitar o "Correio do Povo", cumprimentou Breno Caldas com esta frase: "A Neusa me disse que não deixasse de visitar o Breno." E mais não disse, ficando tudo subentendido.

Suponho que este discurso foge completamente à praxe de cerimônias como esta. Mas era o que eu desejava dizer, desde o princípio: não haveria sentido em aceitar a homenagem se não pudesse fazê-lo em nome daqueles que têm o jornalismo não como uma escada para o sucesso e a riqueza, mas apenas como devoção, mais precisamente a obsessão de informar a sua comunidade para que ela se conheça, se transforme, se aperfeiçoe e progrida.

Lembro-me de quando voltava para casa de madrugada, ao tempo em que fazia plantão no velho "Correio do Povo". As luzes iam-se acendendo nas casas e nos apartamentos dos edifícios, e eu me sentia emocionado e enternecido. Ao amanhecer, através dos jornais que fizéramos, no "Correio do Povo", no "Diário de Notícias", na "Zero Hora", que recém iniciava a sua caminhada, nós poríamos o mundo naqueles lares e em todos os lares da cidade e devolveríamos aquelas pessoas estremunhadas à realidade do seu dia-a-dia. Era nossa missão estabelecer uma ponte entre os desertos das madrugadas e o mundo exterior. É esta consciência do jornalista: de que, sem os jornais, homens e mulheres seriam os seres mais solitários da criação.

Este é o patrimônio que recebi de meus mestres no jornalismo - e aqui faço referência especial a Dario Torres Martins, que me iniciou na profissão na velha Cidade do Rio Grande, e a Ernesto Corrêa, o grande Ernesto Corrêa, que me ensinou o exercício da criatividade e da coragem para expor pontos de vista e a compreender e ser solidário com as dores alheias.

Dito isso, confesso-me emocionado e feliz. Porto Alegre exerceu sobre mim um fascínio do qual não tenho como dar conta porque me faltaria o talento dos contadores de histórias do mundo árabe que inventaram a magia das mil e uma noites. Lembro-me muito bem do domingo, 25 de fevereiro de 1945, quando aqui desembarquei, não como argonauta de uma audaz caravela, mas como um tímido interiorano, sentindo as dores que lhe infligia a ruptura do cordão umbilical com sua amada Cidade do Rio Grande. As luzes do grande centro apagavam as estrelas que eu contemplava no céu da minha pequena terra natal e uma longa noite de insônia aguardava-me no quarto da pensão familiar onde travei luta inglória com pensamentos soturnos e insetos indesejáveis. A angústia se dissipou ao amanhecer, com a aluvião de sons - pregões, vozes, bondes, matracas, carroças, buzinas, cornetas - e de repente eu me defrontava com o espetáculo da vida fervilhante, como um caos em organização, na manhã do dia primeiro, quando o Senhor decidiu separar as luzes e as sombras. Alguma coisa nascia e renascia permanentemente nesta Cidade que soma virtudes das grandes cidades - ninguém perguntava ao forasteiro de onde ele vem e para onde ele vai - com as virtudes das cidades pequenas - o aconchego e a solidariedade, de mistura com os mexericos e a maledicência. Era a protofonia da paixão sem reverso que me transformaria em um porto-alegrense típico, cuja principal característica é ter nascido em outro lugar e se metamorfosear ao beber a água do Guaíba.

Muito obrigado à Câmara Municipal de Porto Alegre. Muito obrigado ao Ver. Pedro Ruas e aos demais integrantes desta Casa e, principalmente, muito obrigado a Porto Alegre porque ela existe.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nós queríamos dizer que o Ver. Reginaldo Pujol disse que este Vereador é um escravo do Regimento, e eu o sou, mas a quebra do protocolo não fere o Regimento. Por isso quebrei o protocolo e estou feliz.

 A Câmara de Vereadores se sente honrada em dar este título, numa proposição do Ver. Pedro Ruas, ao Jornalista Jayme Copstein. Falar mais alguma coisa sobre Jayme Copstein não é impossível e não vou dizer que tudo que teria para ser dito foi dito, não, porque existem muitas outras coisas que podem ser ditas sobre Jayme Copstein. Sempre digo que tudo que se faz se faz mais perfeito quando é feito com amor, e o teu trabalho é feito com amor, tenho certeza disso. Continue, continue nesta luta, porque, neste final de tarde, início de noite deste 27 de abril de 1995, Porto Alegre está mais alegre porque tem Jayme Copstein como Cidadão de Porto Alegre.

Encerramos esta Sessão, agradecendo a presença de todos, e tenho certeza de que comandar uma Sessão Plenária com todos os seus desacertos é muito mais fácil do que comandar uma Sessão tão significativa como esta, de entrega do Título de Cidadão de Porto Alegre a Jayme Copstein. Boa noite a todos.

Estão encerrados os trabalhos.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h50min.)

 

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